Nascido na cidade de Mödrath, na Renânia, sua vida transcorreu de forma semelhante à de muitos jovens alemães de sua geração, obrigados a começar do zero depois da Segunda Guerra. Após a morte dos pais e de traumáticas experiências de guerra, Stockhausen passou um tempo ganhando a vida com trabalhos circunstanciais. Tocando em piano bars, por exemplo.
Stockhausen estudou Música, Letras Germânicas e Filosofia na Universidade de Colônia. Depois se transferiu para a Universidade de Bonn, onde freqüentou os cursos de Fonética e Comunicações. De 1952 a 1953, estudou em Paris com o compositor Olivier Messiaen (1908-1992), influente professor de expoentes da música nova como Pierre Boulez, Iannis Xenakis e György Kurtág.
Gravações experimentais feitas no início dos anos 50 lhe trouxeram reconhecimento internacional e o aproximaram de compositores como John Cage e músicos como o pianista David Tudor.
Abolir limites tradicionais
Nos anos 60, Stockhausen teve um papel decisivo no movimento Fluxus, interessado em abolir os limites tradicionais entre arte e sociedade. Ele trabalhou em Nova York com artistas de vanguarda, como Nam June Paik e Allen Ginsberg, e desenvolveu seu interesse pelas artes visuais.
Nas décadas de 60 e 70, Stockhausen deu aula em diversas universidades: em Basiléia, na Pensilvânia, em Filadélfia, na Califórnia e em Colônia. Na Exposição Mundial de Osaka, no Japão, ele se apresentou diante de quase um milhão de pessoas. Sua música foi tocada duas vezes por dia durante os seis meses de duração da exposição.
Ele também trabalhou com músicos de rock. Stockhausen consta da montagem de retratos na capa do álbum Sergeant Pepper, dos Beatles. Sua amizade com John Lennon sobreviveu à dissolução da banda.
Greve de fome de sete dias
Não só as composições pioneiras de Stockhausen chamaram atenção pública: também a vida privada. Quando sua segunda esposa, Mary Baumeister, pediu divórcio, ele começou uma greve de fome que durou sete dias. Depois diria que essa ruptura inaugurou uma nova fase da sua vida, na qual ele se distanciou de sua antiga abordagem musical eletrônica.
Nos anos 70, Stockhausen começou a trabalhar no ciclo de ópera épico Licht (Luz), cuja apresentação integral aconteceu em outubro de 2004. A obra consiste de sete partes intituladas como os dias da semana. O ciclo completo dura mais de 29 horas, representando a composição mais longa da história da música. Luz não só extrapolou os limites usuais da performance musical, mas também os financeiros.
Em 1995, ele transformou uma praça em Amsterdã em heliporto, onde quatro helicópteros alugados por Stockhausen participaram da estréia da excêntrica obra Helikopter-Quartett (Quarteto para Helicópteros). O quarteto de cordas Arditti tocou dentro dos helicópteros. A apresentação aérea foi transmitida em som e imagem na sala de concertos.
Críticas de Ligeti
Desde que começou a trabalhar no ciclo Luz, em 1977, Stockhausen se afastou quase que inteiramente da vida pública. Nos últimos anos, ele raramente saiu de casa.
Logo após o 11 de setembro de 2001, Stockhausen qualificou os atentados em Washington e Nova York como a maior obra de arte imaginável – uma observação que desencadeou indignação internacional e severas críticas.
O compositor György Ligeti acusou Stockhausen de endossar ações terroristas. Concertos de Stockhausen programados para o Festival de Música de Hamburgo foram cancelados na ocasião. Posteriormente, Stockhausen justificou que não apoiava os atos de terror, mas simplesmente ficara fascinado com a determinação dos terroristas.
Ao todo, Stockhausen compôs mais de 280 obras musicais. Ele próprio foi o regente ou diretor musical da maioria das estréias de suas obras.
Na íntegra, porém não traduzido, suas declarações :
"Well, what happened there is, of course — now all of you must adjust your brains — the biggest work of art there has ever been. The fact that spirits achieve with one act something which we in music could never dream of, that people practise ten years madly, fanatically for a concert. And then die. [Hesitantly.] And that is the greatest work of art that exists for the whole Cosmos. Just imagine what happened there. There are people who are so concentrated on this single performance, and then five thousand people are driven to Resurrection. In one moment. I couldn't do that. Compared to that, we are nothing, as composers. [...] It is a crime, you know of course, because the people did not agree to it. They did not come to the "concert". That is obvious. And nobody had told them: "You could be killed in the process." (Stockhausen 2002, 75–76.)
E uma nota a imprensa onde ele explicava sua fala :
"At the press conference in Hamburg, I was asked if Michael, Eve and Lucifer were historical figures of the past and I answered that they exist now, for example Lucifer in New York. In my work, I have defined Lucifer as the cosmic spirit of rebellion, of anarchy. He uses his high degree of intelligence to destroy creation. He does not know love. After further questions about the events in America, I said that such a plan appeared to be Lucifer's greatest work of art. Of course I used the designation "work of art" to mean the work of destruction personified in Lucifer. In the context of my other comments this was unequivocal." (Stockhausen, 2001)
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário