Segue a pesquisa sobre o Flávio de Carvalho...
- Biografia
- Experiência n°2 (pelo que anotei é o que estará na Bienal, qualquer coisa me avisem que pesquiso também!!)
Biografia[1]
Flávio Resende de Carvalho (Amparo da Barra Mansa RJ 1899 - Valinhos SP 1973). Pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro. Muda-se com a família para São Paulo em 1900. Em 1911, passa a estudar em Paris e, três anos depois, na Inglaterra, onde, em Newcastle, em 1918, inicia o curso de engenharia civil no Armstrong College da Universidade de Durham e ingressa no curso noturno de artes da King Edward the Seventh School of Fine Arts. Conclui o curso de engenharia em 1922 e nesse ano volta a residir em São Paulo, onde chega logo após a realização da Semana de Arte Moderna. Desenvolve atividades em várias áreas artísticas e intelectuais, freqüentemente de forma inovadora e provocativa. Participa de concursos públicos de arquitetura, como para o Palácio do Governo do Estado de São Paulo, em 1927, e, embora não tenha sido vencedor em nenhum deles, seus projetos são considerados pioneiros da arquitetura moderna no país. Em 1931, realiza o polêmico evento Experiência nº 2, em que caminha com boné na cabeça, de forma desafiadora, em sentido contrário ao de uma procissão de Corpus Christi e é bastante hostilizado. Em 1932, abre um ateliê, onde funda o Clube dos Artistas Modernos - CAM, com Antonio Gomide (1895-1967), Di Cavalcanti (1897-1976) e Carlos Prado (1908-1992). No ano seguinte, cria o Teatro da Experiência e encena o Bailado do Deus Morto - espetáculo de teatro-dança de sua autoria com estética inovadora, para o qual cria cenografia e figurino e que têm, em sua maioria, atores negros. Realiza, em 1934, a sua primeira exposição individual. A mostra é fechada pela polícia sob alegação de atentado ao pudor, e reaberta alguns dias depois, por ordem judicial. Em 1947, realiza os desenhos da Série Trágica, em que registra a morte da própria mãe. Após publicar, em 1956, uma série de artigos sobre moda na coluna Casa, Homem, Paisagem - em que escreve sobretudo a respeito de arquitetura e urbanismo -, que mantém no Diário de São Paulo, apresenta-se - e causa escândalo - em passeata pelo centro da cidade de São Paulo com o New Look, um traje tropical masculino por ele desenvolvido e que consiste de saia e blusa de mangas curtas e folgadas.
Arte como experiência[2]
Flávio de Carvalho, numa manhã ensolarada, diante de uma procissão de Corpus Christi, que se realiza pelas ruas do centro de São Paulo, sente-se estimulado a realizar uma investigação de psicologia das multidões. Vai até sua casa, apanha um boné, que conserva de seus tempos de estudante na Inglaterra, e volta a se postar na contemplação do cortejo conservando o boné na cabeça. É inicialmente advertido por um colega engenheiro de que não deveria estender a provocação. Imperturbável, Flávio continua, ora avançando em sentido contrário ao do grupo religioso, ora se insinuando para as mulheres mais jovens que participavam do culto.
Às primeiras manifestações de protesto, ainda veladas, vão se somando outras. As advertências para que descubra a cabeça repetem-se com mais insistência, até que o boné lhe é arrancado por um garoto que o oferece de volta, desafiando-o a que volte a usá-lo. O artista ainda ensaia contrariar os que o cercam, quando os primeiros gritos, pedindo seu linchamento, se fazem ouvir, prontamente atendido por um grupo que se arma com a lenha destinada a uma padaria das imediações. Nesse momento, Flávio de Carvalho se lança em fuga desabalada pelas ruas atropelando membros do cortejo, alheios ao enfrentamento, e consegue refugiar-se no telhado de uma leiteria, de onde foi retirado pela polícia. Em meio às provocações dos perseguidores [...], o artista é conduzido num veículo policial à delegacia mais próxima, onde, após se identificar e explicar ter realizado um experimento de psicologia das multidões, é posto em liberdade. [Narrativa baseada na descrição apresentada por Flávio de Carvalho e seu livro Experiência n°2 (São Paulo: Irmãos Ferraz, 1931).]
E naquele mesmo ano de 1931, publica seu livro Experiência n°2, no qual, além de narrar o episódio, oferece sua tentativa de interpretá-lo, fundada em textos do etnógrafo sir James Frazer e de Sigmund Freud. As melhores páginas do volume são a descrição momento a momento da experiência, fartamente ilustrada pelos desenhos do autor. Todos os jornais de São Paulo publicaram ao menos uma nota sobre o sucedido, baseando-se, sobretudo, nas informações do autor em seu depoimento na delegacia.
[1] Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=677&cd_item=1&cd_idioma=28555. Última consulta em: Junho 2010.
[2] LEITE, Rui Moreira. Arte como experiência. In: LEITE, Rui Moreira. Flávio de Carvalho: o artista total. São Paulo: Ed. SENAC, 2008. p. 82-85.
[Daniele Barros]
- Biografia
- Experiência n°2 (pelo que anotei é o que estará na Bienal, qualquer coisa me avisem que pesquiso também!!)
Biografia[1]
Flávio Resende de Carvalho (Amparo da Barra Mansa RJ 1899 - Valinhos SP 1973). Pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro. Muda-se com a família para São Paulo em 1900. Em 1911, passa a estudar em Paris e, três anos depois, na Inglaterra, onde, em Newcastle, em 1918, inicia o curso de engenharia civil no Armstrong College da Universidade de Durham e ingressa no curso noturno de artes da King Edward the Seventh School of Fine Arts. Conclui o curso de engenharia em 1922 e nesse ano volta a residir em São Paulo, onde chega logo após a realização da Semana de Arte Moderna. Desenvolve atividades em várias áreas artísticas e intelectuais, freqüentemente de forma inovadora e provocativa. Participa de concursos públicos de arquitetura, como para o Palácio do Governo do Estado de São Paulo, em 1927, e, embora não tenha sido vencedor em nenhum deles, seus projetos são considerados pioneiros da arquitetura moderna no país. Em 1931, realiza o polêmico evento Experiência nº 2, em que caminha com boné na cabeça, de forma desafiadora, em sentido contrário ao de uma procissão de Corpus Christi e é bastante hostilizado. Em 1932, abre um ateliê, onde funda o Clube dos Artistas Modernos - CAM, com Antonio Gomide (1895-1967), Di Cavalcanti (1897-1976) e Carlos Prado (1908-1992). No ano seguinte, cria o Teatro da Experiência e encena o Bailado do Deus Morto - espetáculo de teatro-dança de sua autoria com estética inovadora, para o qual cria cenografia e figurino e que têm, em sua maioria, atores negros. Realiza, em 1934, a sua primeira exposição individual. A mostra é fechada pela polícia sob alegação de atentado ao pudor, e reaberta alguns dias depois, por ordem judicial. Em 1947, realiza os desenhos da Série Trágica, em que registra a morte da própria mãe. Após publicar, em 1956, uma série de artigos sobre moda na coluna Casa, Homem, Paisagem - em que escreve sobretudo a respeito de arquitetura e urbanismo -, que mantém no Diário de São Paulo, apresenta-se - e causa escândalo - em passeata pelo centro da cidade de São Paulo com o New Look, um traje tropical masculino por ele desenvolvido e que consiste de saia e blusa de mangas curtas e folgadas.
Arte como experiência[2]
Flávio de Carvalho, numa manhã ensolarada, diante de uma procissão de Corpus Christi, que se realiza pelas ruas do centro de São Paulo, sente-se estimulado a realizar uma investigação de psicologia das multidões. Vai até sua casa, apanha um boné, que conserva de seus tempos de estudante na Inglaterra, e volta a se postar na contemplação do cortejo conservando o boné na cabeça. É inicialmente advertido por um colega engenheiro de que não deveria estender a provocação. Imperturbável, Flávio continua, ora avançando em sentido contrário ao do grupo religioso, ora se insinuando para as mulheres mais jovens que participavam do culto.
Às primeiras manifestações de protesto, ainda veladas, vão se somando outras. As advertências para que descubra a cabeça repetem-se com mais insistência, até que o boné lhe é arrancado por um garoto que o oferece de volta, desafiando-o a que volte a usá-lo. O artista ainda ensaia contrariar os que o cercam, quando os primeiros gritos, pedindo seu linchamento, se fazem ouvir, prontamente atendido por um grupo que se arma com a lenha destinada a uma padaria das imediações. Nesse momento, Flávio de Carvalho se lança em fuga desabalada pelas ruas atropelando membros do cortejo, alheios ao enfrentamento, e consegue refugiar-se no telhado de uma leiteria, de onde foi retirado pela polícia. Em meio às provocações dos perseguidores [...], o artista é conduzido num veículo policial à delegacia mais próxima, onde, após se identificar e explicar ter realizado um experimento de psicologia das multidões, é posto em liberdade. [Narrativa baseada na descrição apresentada por Flávio de Carvalho e seu livro Experiência n°2 (São Paulo: Irmãos Ferraz, 1931).]
E naquele mesmo ano de 1931, publica seu livro Experiência n°2, no qual, além de narrar o episódio, oferece sua tentativa de interpretá-lo, fundada em textos do etnógrafo sir James Frazer e de Sigmund Freud. As melhores páginas do volume são a descrição momento a momento da experiência, fartamente ilustrada pelos desenhos do autor. Todos os jornais de São Paulo publicaram ao menos uma nota sobre o sucedido, baseando-se, sobretudo, nas informações do autor em seu depoimento na delegacia.
[1] Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=677&cd_item=1&cd_idioma=28555. Última consulta em: Junho 2010.
[2] LEITE, Rui Moreira. Arte como experiência. In: LEITE, Rui Moreira. Flávio de Carvalho: o artista total. São Paulo: Ed. SENAC, 2008. p. 82-85.
[Daniele Barros]
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